
Segundo informações do Palácio do
Planalto, Obama telefonou para Dilma por volta das 18h30 desta
segunda-feira (16), quando a presidente estava reunida com o chefe do
Itamaraty. Durante a conversa de 20 minutos, ela disse ao presidente americano que tomará uma decisão hoje.
Na
diplomacia, uma visita de Estado tem força simbólica. O encontro é
oferecido pelos americanos apenas uma vez por ano a seus sócios mais estratégicos. Assim, o convite feito à presidente Dilma sinaliza a afinidade e o desejo dos EUA em estreitar relações com o vizinho sul-americano.
Mas a visita corre o risco de ser cancelada após as denúncias de que Dilma e a Petrobras teriam sido espionadas pela Agência de Segurança dos Estados Unidos (NSA).
Se isso ocorrer, será uma forma do Planalto reafirmar sua postura de indignação. Mas, para especialistas ouvidos pelo R7, a presidente deve manter a viagem para não prejudicar as parcerias firmadas entre Brasil e Estados Unidos.
Na
avaliação deles, Dilma deve continuar cobrando explicações sobre a
espionagem, mas sem deixar de lado a relação bilateral entre os países.
Entenda o caso
As
relações entre Brasil e EUA se estremeceram há 15 dias após documentos
vazados por um ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, revelarem que a
agência monitorou telefonemas e e-mails entre a presidente Dilma e seus
principais interlocutores, como assessores e ministros, em junho de
2012.
Os
documentos foram repassados por Snowden ao jornalista americano Glenn
Greenwald, colunista do diário britânico The Guardian que mora no Rio de
Janeiro, e revelados pelo programa Fantástico.
Os
documentos da NSA mostravam ainda que o presidente do México, Henrique
Peña Nieto, também fora espionado no ano passado, quando ainda era
candidato à Presidência.
Após a denúncia, o
Brasil pediu explicações formais e por escrito sobre as denúncias.
Naquela mesma semana, Dilma e Obama se encontraram em São Petersburgo
(Rússia), durante encontro do G20. Obama disse pessoalmente a Dilma que iria explicar as ações da NSA.
Poucos
dias depois, no entanto, novos documentos vazados por Snowden revelaram
que a Petrobras também fora alvo de espionagem da agência americana.
O
nome da Petrobras aparece em um documento usado em um treinamento de
agentes da NSA. Os oficiais americanos teriam acessado rede privadas de
instituições variadas como Petrobras, o Ministério das Relações
Exteriores da França, o Google e a rede Swift, que reúne vários bancos.
Segundo Greenwald, que revelando esse escândalo
mundial desde maio, “ninguém tem dúvidas que os Estados Unidos têm
direito de fazer espionagem para proteger a segurança nacional”. Ele
critica, no entanto, a espionagem de indivíduos e empresas que “não tem
nada com terrorismo”.
Em nota, na semana
passada, Dilma disse que, se for comprovada a espionagem contra a
Petrobras, as denúncias confirmarão que “o motivo das tentativas de
violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos”.
A
novela continuou na última quarta-feira (11), quando o chanceler
brasileiro Luiz Alberto Figueiredo foi a Washington para se encontrar
com a assessora-chefe de Segurança Nacional da Casa Branca, Susan Rice,
para ouvir as explicações do governo Obama.
Os
esclarecimentos foram apresentados por Figueiredo ontem a Dilma. Nesta
terça-feira (17), em mais um capítulo do imbróglio diplomático, Dilma
anuncia se vai ou não a Washington para a visita de Estado.
O último presidente brasileiro a receber esse convite foi Fernando Henrique Cardos (1995-2002), em 1995.
Confirmando
ou não a viagem, Dilma deve se encontrar com Obama na abertura da
Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), na próxima
terça-feira (24), em Nova York, quando a presidente fará o discurso de
abertura do evento.
As informações são do R7.
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